Europa Abraça o Conceito de “IA Soberana” de Nvidia em Busca de Independência Tecnológica
Paris, 16 de junho (Reuters) — Jensen Huang, CEO da Nvidia (NVDA.O), vem defendendo desde 2023 a ideia de “IA soberana” — a noção de que cada país deve desenvolver e controlar sua própria inteligência artificial, adaptada a sua língua, história e cultura. Agora, a Europa está começando a ouvir e agir.
Na última semana, Huang percorreu as principais capitais europeias — Londres, Paris e Berlim — anunciando parcerias e alertando sobre a falta de infraestrutura de IA no continente. Sua mensagem ressoou em líderes preocupados com a dependência de gigantes tecnológicos dos EUA, como Microsoft (MSFT.O), Amazon (AMZN.O) e Google (GOOGL.O).
Investimentos e Planos para uma Europa Autônoma
- Reino Unido: O primeiro-ministro Keir Starmer anunciou £1 bilhão (US$ 1,35 bilhão) para impulsionar capacidade computacional e evitar ficar para trás na corrida global por IA.
- França: O presidente Emmanuel Macron declarou que construir infraestrutura de IA é uma “luta pela soberania” durante a VivaTech, maior conferência de tecnologia da Europa.
- Alemanha: A Nvidia fechou parceria com a Deutsche Telekom (DTEGn.DE) para criar uma plataforma de nuvem de IA, com o chanceler Friedrich Merz destacando a importância da soberania digital.
Desafios: Custos e Dependência Tecnológica
A Europa enfrenta obstáculos:
- Altos custos de energia para manter data centers, que já consomem 3% da eletricidade da UE — e a demanda deve disparar com a IA.
- Falta de campeões locais: Startups como a francesa Mistral tentam competir, mas com orçamentos minúsculos perto dos US$ 10-15 bilhões gastos trimestralmente por gigantes dos EUA.
- Dependência de chips: A Nvidia, cujos GPUs são essenciais para IA, quer garantir que, mesmo buscando soberania, a Europa continue usando sua tecnologia.
Sonho Gigante, Recursos Limitados
Arthur Mensch, CEO da Mistral, de 31 anos, afirmou na VivaTech:
“Não há razão para a Europa não ter seus próprios campeões tecnológicos. É um sonho gigantesco.”
A startup francesa, que levantou US$ 1 bilhão, planeja um data center com 18.000 chips Nvidia e expansão para outros locais em 2026. A UE também anunciou US$ 20 bilhões para construir quatro “gigafábricas de IA”, com a Nvidia envolvida na produção de chips.
Conclusão: Uma Batalha por Independência
A Europa quer deixar de ser “consumidora” para se tornar “criadora” de IA, mas o caminho é árduo. Como resumiu Pascal Brier, da Capgemini (CAPP.PA):
“Não significa que não devamos tentar, mas precisamos estar cientes de que haverá sempre uma lacuna.”
Enquanto isso, a Nvidia garante seu lugar como peça-chave nessa transição — mostrando que, na busca por soberania, alguns parceiros globais ainda são indispensáveis.
($1 = £0,7393)
Reportagem de Supantha Mukherjee em Paris; contribuição de Foo Yun Chee em Bruxelas; edição de Josephine Mason e Matthew Lewis
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